À medida que as necessidades aumentam e as pessoas refugiadas continuam a chegar, as agências da ONU e organizações parceiras apelaram por 116 milhões de dólares para prestar assistência às pessoas refugiadas somalis, que procuram segurança numa área extremamente remota da região somali da Etiópia.
Desde a eclosão das hostilidades no mês de fevereiro, na cidade de Laascaanood, na região de Sool, Somália, centenas de milhares de pessoas foram deslocadas dentro da Somália, e estima-se que cerca de 100.000 tenham atravessado a fronteira para a Etiópia para escapar à violência.
A maioria dos recém-chegados à Etiópia são mulheres, crianças, idosos e pessoas com necessidades específicas, que chegam sem nada, assustadas e com fome. Entre eles há um elevado número de crianças desacompanhadas e separadas, o que aumenta as preocupações ao nível da proteção.
A situação humanitária no terreno é terrível, com desnutrição aguda moderada observada em muitas crianças com menos de cinco anos, e em mães grávidas e lactantes. Existe um elevado risco de surtos de doenças, com relatos preocupantes de casos de sarampo na zona.
"O Governo etíope e as comunidades locais acolheram generosamente as pessoas refugiadas, estendendo toda a ajuda possível, mas com a continuação das chegadas, os recursos já estão severamente sobrecarregados", disse Clementine Nkweta-Salami, Diretora Regional do ACNUR para o Leste e Corno de África e Região dos Grandes Lagos. "Precisamos de financiamento adicional para aumentar a prestação de ajuda e responder às necessidades humanitárias agudas e crescentes".
Os fundos ajudarão a fornecer abrigo e material de socorro urgentemente necessários, tais como cobertores, tapetes e redes mosquiteiras. Serão também fornecidos alimentos a todas as famílias necessitadas através de distribuições de cabazes mensais de alimentos. A assistência alimentar de emergência já está a ser fornecida para satisfazer as necessidades alimentares e nutricionais mais imediatas dos recém-chegados.
Com o elevado número de mulheres e crianças entre as pessoas refugiadas, o apoio irá dar prioridade aos serviços de proteção infantil, prevenção e resposta à violência baseada no género, documentação e educação.
Serão criados espaços amigos das crianças para ajudar no bem-estar das mesmas. Serão empreendidos serviços de rastreio e reunificação familiar e planos de cuidados alternativos para crianças separadas.
Serão criados campos para pessoas refugiadas em dois locais, Mirkan e Docmo, graças a terras cedidas pelo governo etíope. Estão planeados investimentos para expandir as clínicas de saúde governamentais existentes, fornecer medicamentos e cuidados médicos, e estabelecer programas de apoio nutricional.
"Este afluxo de pessoas refugiadas está a acontecer na pior altura possível, numa área extremamente remota da região somali da Etiópia, que é também uma das mais severamente atingidas pela pior seca dos últimos 60 anos", disse Michael Dunford, Diretor Regional do PAM para a África Oriental. "Para salvar vidas, precisamos de financiamento agora".
Os níveis de financiamento na Etiópia permanecem criticamente baixos, e a resposta à seca no Corno de África está sob forte pressão devido ao rápido aumento das necessidades. A Etiópia já acolheu 884.000 pessoas refugiadas e requerentes de asilo - predominantemente do Sul do Sudão, Somália, e Eritreia - antes das chegadas mais recentes.
À medida que as pessoas refugiadas continuam a fugir, as necessidades ultrapassam cada vez mais os recursos disponíveis. Apelamos urgentemente à comunidade internacional para que mobilize rapidamente recursos suficientes para permitir que as agências de ajuda humanitária continuem a apoiar o governo etíope a fornecer uma resposta coordenada, eficaz e que salve vidas.
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