Este é um resumo do que foi dito por Wiliam Spindler - a quem o texto citado pode ser atribuído - na conferência de imprensa de dia 8 no Palais des Nations em Genebra.
Com o início do novo ano letivo em toda a Europa, o ACNUR, alerta para o facto de as crianças e jovens refugiados da Ucrânia enfrentarem agora o seu terceiro ano de interrupção da educação, após a invasão total em fevereiro de 2022.
Num novo resumo da política de educação publicado hoje, intitulado "Education on Hold (Educação em Suspenso)", o ACNUR relata que, embora 30 a 50 por cento dos cerca de 5,9 milhões de refugiados ucranianos em toda a Europa sejam crianças, apenas cerca de metade estavam matriculados em escolas nos países de acolhimento para o ano letivo de 2022-2023.
De acordo com as conclusões do relatório, os fatores que contribuem para as baixas taxas de matrícula das crianças refugiadas incluem: barreiras administrativas, jurídicas e linguísticas; falta de informação sobre as opções de ensino disponíveis; hesitação dos pais em matricular os seus filhos nos países de acolhimento, uma vez que esperam regressar em breve à Ucrânia; e incerteza quanto a uma eventual reintegração no sistema educativo ucraniano.
Outro grande obstáculo é a falta de capacidade das escolas nos países de acolhimento. Com um número sem precedentes de crianças refugiadas a chegar nos meses que se seguiram à guerra, muitas escolas dos países de asilo simplesmente não dispunham do espaço físico ou do número de professores necessários para responder e acolher os recém-chegados.
O ACNUR receia que, se não forem tomadas medidas urgentes, centenas de milhares de crianças refugiadas ucranianas continuem a não ter acesso à educação este ano.
Com a atual guerra em grande escala na Ucrânia, são necessários grandes esforços para evitar danos a longo prazo na aprendizagem, no potencial e nas perspetivas das crianças. A interrupção da educação continua a ser um problema importante, com cerca de 5 milhões de pessoas deslocadas internamente e escolas - entre outras infraestruturas civis críticas - destruídas.
Para garantir a inclusão das crianças refugiadas nos sistemas educativos nacionais dos países de acolhimento em toda a Europa, o documento apresenta uma série de recomendações fundamentais aos governos para reduzir os obstáculos e promover a aprendizagem. Estas recomendações incluem:
Promover a inclusão de crianças e jovens refugiados nos sistemas educativos nacionais europeus e aumentar a capacidade das escolas para que todas as crianças refugiadas possam ser acolhidas. Embora possam ser utilizadas medidas temporárias a curto prazo, o planeamento e os recursos a longo prazo são essenciais para garantir espaço, capacidade e professores adequados. O próximo ano deve ser aproveitado pelos Estados e pelas instituições de ensino para planear antecipadamente a fim de garantir que todas as crianças refugiadas se possam inscrever no próximo ano letivo.
Garantir que os pais dos refugiados recebam informações pormenorizadas sobre as opções de ensino para crianças e jovens e ligações ao sistema educativo ucraniano, permitindo-lhes tomar decisões informadas.
Maximizar a qualidade e a compatibilidade das opções educativas disponíveis para os refugiados. Isto pode ser conseguido através da criação de procedimentos rápidos para o reconhecimento mútuo de notas, certificados e diplomas, da partilha de dados sobre o desempenho académico e a mobilidade e da criação de leis e diretivas uniformes, de preferência a nível regional, para facilitar ao máximo a permanência a longo prazo e o regresso ao sistema educativo ucraniano.
O documento também fornece informações práticas para os pais de refugiados e responde a perguntas-chave sobre a reintegração das crianças no sistema educativo ucraniano, assim que possam regressar a casa.
O ACNUR trabalha em estreita colaboração com a UNICEF, que coordena a resposta educativa dos parceiros humanitários na Ucrânia e nos países vizinhos.
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