Crise de deslocados internos em Cabo Delgado
Só em 2022, calcula-se que 6.000 pessoas tenham sido registadas como deslocadas internamente, na sequência de um ressurgimento do conflito nas províncias de Cabo Delgado e Niassa. Esta violência tem impedido as agências das Nações Unidas e outros parceiros humanitários, de aceder às pessoas necessitadas.
A violência por grupos armados não estatais (NSAG) combinados com desastres naturais, desencadearam mais de um milhão de pessoas deslocadas internamente nos distritos norte e central. Moçambique é um dos países mais afetados no mundo por alterações climáticas. A 31 de março de 2022, o ACNUR declarou uma Emergência de Nível 2 para Moçambique, a terceira declaração de emergência nos últimos quatro anos, após o ciclone tropical Gombe ter causado danos significativos e provocado mais de 700.000 deslocados internos. O ACNUR continua a dar o alarme sobre a situação em Moçambique, uma das "emergências invisíveis" do mundo.
O ACNUR e os parceiros trabalham em estreita colaboração com as autoridades locais para assegurar que as necessidades de emergência das pessoas deslocadas continuam a ser atendidas defendendo, ao mesmo tempo, a integração de refugiados e deslocados internos em programas de desenvolvimento a longo prazo, tendo Moçambique acolhido já 32.132 refugiados e requerentes de asilo (maio 2023).
Uma Missão de Alto Nível do ACNUR visitou o país de 24 de abril a 1 de maio de 2022 para avaliar a forma como o ACNUR e parceiros podem aumentar a proteção e assistência às pessoas afetadas pelo conflito e choques climáticos em Moçambique. O país enfrenta estes dois desafios numa crise "invisível" enquanto as operações humanitárias são restringidas por um subfinanciamento crónico.
21.500
pessoas deslocadas em Cabo Delgado receberam assistência jurídica.
140.000
pessoas apoiadas por campanhas de prevenção e sensibilização sobre violência baseada no género
O ACNUR está empenhado em apoiar o governo de Moçambique, as autoridades locais e as comunidades para proteger e encontrar soluções para os refugiados, para ajudar o país a enfrentar o impacto da deslocação interna, para reforçar a necessidade de preparação para emergências e a resposta a eventos climáticos extremos. As necessidades em Moçambique, já de si significativas, continuam a crescer. No entanto, os recursos não são suficientes. Para continuar e aumentar as nossas operações em Moçambique, o ACNUR requer 47.4 milhões de dólares, em 2022.
O ACNUR está seriamente preocupado com a violência e insegurança em curso no norte de Moçambique. Conflitos e deslocações, agravados por acontecimentos climáticos extremos, levaram a necessidades crescentes de proteção - física, material e legal - para centenas de milhares de refugiados afetados, pessoas deslocadas internamente e pessoas das comunidades de acolhimento.
Nos primeiros meses de 2022, Moçambique foi devastado por cinco tempestades tropicais e ciclones ao longo das suas zonas costeiras do norte. Estas já afetaram milhares de famílias, incluindo refugiados e pessoas deslocadas internamente devido à violência contínua na província norte de Cabo Delgado - ilustrando mais uma vez como os efeitos das alterações climáticas interagem com muitas das causas de raiz da deslocação.
Mais recentemente, a 11 de março, o ciclone tropical Gombe afetou mais de 736.000 pessoas, incluindo as do campo de Corrane para deslocados internos e refugiados no centro de reassentamento de Maratane. Em Maratane, 80% dos abrigos foram danificados, e mais de 27.000 refugiados, requerentes de asilo e membros da comunidade de acolhimento continuam a necessitar urgentemente de assistência.