ACNUR: Crise na RD Congo agrava-se à medida que cortes de financiamento afetam ajuda humanitária crítica ACNUR: Crise na RD Congo agrava-se à medida que cortes de financiamento afetam ajuda humanitária crítica

ACNUR: Crise na RD Congo agrava-se à medida que cortes de financiamento afetam ajuda humanitária crítica

24 of marzo, 2025

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Este é um resumo do que foi dito pela porta-voz do ACNUR, Eujin Byun – a quem se pode atribuir o texto citado – na conferência de imprensa de dia 21 de março de 2025 no Palais des Nations, em Genebra.

GENEBRA – Lacunas críticas de financiamento estão a prejudicar gravemente os esforços humanitários no leste da República Democrática do Congo (RDC) e para além das suas fronteiras, deixando milhares de pessoas sem ajuda vital e aproximando uma situação humanitária já alarmante mais perto do colapso.

Em menos de três meses, o número de congoleses que fugiram para países vizinhos ultrapassou os 100.000. Os confrontos contínuos na província de Kivu do Norte, especialmente nos territórios de Masisi e Walikale, juntamente com uma situação de segurança extremamente volátil em Bukavu e arredores, na província de Kivu do Sul, forçaram centenas de milhares de civis a fugir.

Na cidade de Goma e arredores, em Kivu do Norte, todos os locais que antes albergavam 400.000 pessoas deslocadas internamente (PDI) foram destruídos, deixando famílias desamparadas, sem abrigo nem proteção. Devido aos cortes no financiamento, os parceiros humanitários têm dificuldades em reconstruir abrigos, deixando as pessoas deslocadas sem muitas opções para sobreviver.

Desde janeiro, mais de 40.000 PDI de Kivu do Norte e do Sul chegaram a Kalemie, na vizinha província de Tanganica, após percorrerem perigosas viagens de 700 quilómetros através de múltiplas zonas de conflito e lagos. Entre os deslocados encontram-se jovens a fugir do recrutamento forçado por grupos armados, bem como mulheres e crianças separadas das suas famílias no caos da deslocação.

Os perigos destas viagens já resultaram em várias tragédias, pois embarcações sobrelotadas e frágeis – muitas vezes o único meio de atravessar vastas extensões de água – têm naufragado.

As restrições de financiamento tornaram quase impossível uma resposta de emergência adequada por parte do ACNUR, da sociedade civil e do governo local, dificultando a construção de abrigos e a distribuição de bens essenciais como cobertores, redes mosquiteiras, produtos de higiene menstrual e sabão. O congelamento dos fundos impediu a reposição dos stocks de emergência do ACNUR em Kalemie, restando apenas 147 cobertores para os deslocados.

A situação nos países vizinhos, como Uganda e Burundi, é quase tão grave. Mais de 28.000 refugiados congoleses atravessaram a fronteira para Uganda desde janeiro deste ano – um aumento de 500% em relação ao mesmo período do ano passado – e espera-se que mais 10.000 cheguem até ao final deste mês. Relatos de recém-chegados indicam uma fuga desesperada da violência e de graves violações dos Direitos Humanos. A maioria dos centros de receção e de trânsito em Uganda está a acolher sete vezes mais pessoas do que a sua capacidade e carece de água, saneamento e abrigos adequados. Os cortes no financiamento deixaram os centros de saúde sobrecarregados, e a desnutrição infantil está a aumentar devido ao encerramento dos centros de alimentação nas áreas que recebem novos refugiados.

Na comuna de Rugombo, no Burundi, que acolhe a maioria dos 68.000 refugiados que chegaram ao país desde fevereiro, as deficientes condições sanitárias e a sobrelotação no estádio onde as pessoas se têm abrigado, bem como o acesso limitado a cuidados de saúde, resultaram em pelo menos oito casos suspeitos de cólera. Sem mais financiamento para reforçar os serviços de saúde, há um risco significativo de propagação da doença. Um novo local para acolher os refugiados já está sobrelotado. A crise de financiamento continua a provocar escassez de alimentos para os recém-chegados. Os serviços de apoio a refugiados com necessidades de proteção adicionais também estão sob forte pressão, incluindo assistência para mais de 400 crianças desacompanhadas e separadas, bem como para sobreviventes de violência sexual.

Agradecemos aos doadores que se comprometeram a apoiar os esforços do ACNUR e dos seus parceiros para intensificar a resposta na RDC e nos países vizinhos, mas as necessidades em crescimento ultrapassam em muito os recursos disponíveis.

Para mais informações ou pedidos da imprensa, por favor contacte:

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