Quase 2 milhões de refugiados em risco à medida que os fundos de emergência para o Uganda se esgotam e os serviços são cortados Quase 2 milhões de refugiados em risco à medida que os fundos de emergência para o Uganda se esgotam e os serviços são cortados

Quase 2 milhões de refugiados em risco à medida que os fundos de emergência para o Uganda se esgotam e os serviços são cortados

4 of agosto, 2025

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O Uganda está prestes a acolher dois milhões de refugiados, à medida que as crises em escalada no Sudão, Sudão do Sul e República Democrática do Congo (RDC) levam centenas de pessoas a atravessar diariamente a fronteira em busca de segurança e ajuda vital. 

GENEBRA – O Uganda está prestes a acolher dois milhões de refugiados, à medida que as crises em escalada no Sudão, Sudão do Sul e República Democrática do Congo (RDC) levam centenas de pessoas a atravessar diariamente a fronteira em busca de segurança e ajuda vital.

Desde o início de 2025, chegaram ao país, em média, 600 pessoas por dia, e prevê-se que o número atinja dois milhões até ao final do ano. Já sendo o maior país anfitrião de refugiados de África e o terceiro maior a nível mundial, o Uganda acolhe atualmente 1,93 milhões de refugiados, mais de um milhão dos quais com menos de 18 anos. Deste total, mais de 48.000 crianças e adolescentes chegaram sozinhos. No entanto, a resposta humanitária enfrenta atualmente uma das piores crises de financiamento das últimas décadas.

“Conheci uma rapariga de 16 anos que fugiu da violência no Sudão do Sul e que agora cuida dos seus quatro irmãos mais novos depois de ter perdido os pais. Sonha em voltar à escola, mas só consegue pensar em sobreviver. O financiamento de emergência termina em setembro. Mais crianças morrerão de desnutrição, mais raparigas serão vítimas de violência sexual e famílias ficarão sem abrigo ou proteção, a menos que o mundo aja. O Uganda abriu as suas portas, as suas escolas e os seus centros de saúde. Este modelo pode funcionar, mas não pode fazê-lo sozinho”, afirmou Dominique Hyde, Diretora de Relações Externas do ACNUR, a Agência das Nações Unidas para os Refugiados, que visitou recentemente assentamentos de refugiados sudaneses e sul-sudaneses no Uganda.

A política progressista de refugiados do Uganda permite que estes vivam, trabalhem e tenham acesso a serviços públicos, mas a escassez de financiamento está a afetar drasticamente a prestação de ajuda e ameaça desfazer anos de progressos. O custo estimado para responder às necessidades de um refugiado no Uganda é de cerca de 16 dólares por mês, em 2025. No entanto, a menos que o ACNUR receba mais financiamento, só será possível fornecer assistência no valor de 5 dólares por mês por refugiado. À medida que os fornecimentos de comida, água e medicamentos diminuem, as taxas de desnutrição, especialmente em crianças com menos de cinco anos, estão a aumentar a um ritmo alarmante.

Com os recursos cada vez mais limitados, os refugiados são forçados a tomar decisões de sobrevivência com impacto profundo nas suas vidas, como abandonar a escola. Estão a aumentar os relatos de violência de género, bem como o risco de suicídio entre jovens refugiados, devido à redução do número de profissionais de saúde mental.

No final de julho, o ACNUR dispunha apenas de recursos para apoiar menos de 18.000 pessoas com assistência em dinheiro e artigos de socorro essenciais – o suficiente para cobrir apenas dois meses de novas chegadas ao ritmo atual.

“A guerra interrompe vidas sem aviso, obrigando as pessoas a deixar tudo para trás. Muitos refugiados enfrentam um desespero crescente; nenhuma resiliência pode substituir o que foi perdido. O Uganda demonstrou grande generosidade, mas o peso não deve recair unicamente sobre comunidades distantes do conflito. A responsabilidade cabe a quem promove e permite a violência. A paz é a única resposta duradoura e, até que chegue, a dignidade dos refugiados deve ser protegida”, acrescentou Hyde.

Atualmente, a resposta do Uganda para os refugiados está financiada apenas em 25%. O ACNUR apela a um apoio internacional urgente e sustentado, incluindo por parte de atores do desenvolvimento, para garantir que os refugiados e as comunidades locais possam viver de forma segura e com mais dignidade.

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