Nos dias 15 e 16 de julho de 2025, uma delegação da Portugal com ACNUR, acompanhada por representantes da Câmara Municipal de Cascais e ACNUR Polónia, realizou uma missão institucional à Polónia com o objetivo de aprofundar o conhecimento sobre a resposta humanitária no país e reforçar as parcerias locais com o ACNUR e organizações da sociedade civil.
A missão teve início em Varsóvia, com uma visita da equipa da Portugal com ACNUR ao Caritas Community Centre, acompanhada por colegas do ACNUR Polónia. Este espaço comunitário presta apoio a pessoas refugiadas em situação de particular vulnerabilidade, como crianças e pessoas idosas.

Durante a visita, a equipa da Portugal com ACNUR pôde observar uma aula de língua polaca para adultos, atividades recreativas para pessoas idosas e atividades educativas destinadas a crianças refugiadas. Também pôde ver os kits de higiene, alimentos e outros bens essenciais disponibilizados aos refugiados e aprender, com os responsáveis da organização, sobre os principais atendimentos/serviços oferecidos às famílias apoiadas.

O contacto direto com pessoas idosas refugiadas proporcionou momentos de escuta ativa e sensibilização profunda sobre os desafios de adaptação em idade avançada, longe do país de origem.
Foi um momento marcante pela forma como a resposta humanitária se conectou com a realidade das pessoas. As histórias que ouvimos refletem a coragem e a resiliência de quem, mesmo em condições de extrema vulnerabilidade, procura reconstruir a sua vida com dignidade.
Soraya Ventura, Diretora Nacional da Portugal com ACNUR.

Após esta primeira etapa em Varsóvia, a equipa seguiu para Cracóvia, onde reuniu com a comitiva da Câmara Municipal de Cascais para dar continuidade à missão.
Já na cidade de Cracóvia, a agenda começou com uma receção oficial na Câmara Municipal, onde a delegação foi recebida pela Sra. Ewelina Pytel, Plenipotenciária para a Política de Igualdade. Durante a reunião, foram partilhadas as estratégias implementadas pela cidade desde o início da guerra na Ucrânia. Durante o encontro, a Sra. Pytel partilhou de que forma o governo local coordenou, desde o início do conflito, os esforços para acolher, assistir e orientar as pessoas refugiadas provenientes do país vizinho.
Entre as cinco maiores cidades da Polónia, Cracóvia é a que se encontra mais próxima da fronteira com a Ucrânia, tendo recebido o maior volume de deslocados. Atualmente, a Polónia acolhe mais de um milhão de pessoas refugiadas ucranianas no seu território. Embora a maioria seja de origem ucraniana, os programas de acolhimento em Cracóvia também prestam apoio a pessoas refugiadas provenientes de outras regiões, incluindo países do Médio Oriente.
Seguiu-se uma reunião na sede do Voivoda da região da Małopolska com a Sra. Paulina Dziób, Plenipotenciária pela articulação com ONGs no apoio a refugiados. A representante destacou que, nos primeiros meses da crise, “mais de 300 abrigos estiveram ativos, acolhendo mais de 24 mil pessoas”. Ainda hoje, cerca de seis mil refugiados continuam dependentes da assistência regional. A reunião evidenciou a importância dos mecanismos de coordenação interinstitucional na resposta a crises humanitárias de grande escala.

No período da tarde, a missão visitou a Associação Patchwork, uma organização liderada por mulheres refugiadas e migrantes que oferece apoio a famílias com crianças com deficiência. Através de projetos de integração, orientação jurídica, apoio psicológico e iniciativas de capacitação profissional, a associação presta assistência a mais de 250 famílias. Durante a visita, realizou-se uma discussão em grupo focal com mães refugiadas, que partilharam os seus testemunhos e desafios enfrentados desde a chegada à Polónia.

O último momento da missão foi dedicado a escuta de representantes de três organizações parceiras do UNHCR Polónia: a IB Polska Foundation, a Fundacja Zustricz e o Halina Nieć Legal Aid Center (HNLAC). Cada organização apresentou o seu trabalho, sublinhando a importância de uma abordagem centrada na dignidade, no acesso à justiça e na integração sustentável.
Para Isabel Lorch Roth, Responsável de Alianças Estratégicas da Portugal com ACNUR, “esta missão permitiu conhecer de perto os desafios e boas práticas em curso na Polónia e valorizar a cooperação entre municípios e organizações que colocam a dignidade humana no centro da sua ação”.
A missão foi organizada com o apoio e a mediação de representantes do ACNUR Polónia, tanto do escritório nacional em Varsóvia como do subescritório em Cracóvia, que acompanharam a delegação em todas as visitas e reuniões e forneceram perspetivas valiosos sobre o atual contexto.
Junte-se à resposta humanitária liderada pelo ACNUR
Atualmente, cerca de 1 milhão de pessoas refugiadas da Ucrânia encontram-se em território polaco, a maioria mulheres e crianças, representando aproximadamente 2,5% da população total da Polónia.
O ACNUR coordena a resposta humanitária de 77 organizações no âmbito do capítulo para a Polónia do Plano Regional de Resposta à Situação na Ucrânia, sendo a maioria destas entidades organizações locais e lideradas por pessoas refugiadas. Em estreita colaboração com o Governo da Polónia, o ACNUR trabalha para garantir que as pessoas refugiadas tenham acesso ao território, obtenham estatuto legal e documentação, e possam exercer os seus direitos em segurança.
No entanto, até 30 de abril de 2025, apenas 22% do orçamento necessário para as operações do ACNUR na Polónia em 2025, estimado em 42 milhões de dólares, tinha sido financiado, deixando um défice orçamental superior a 32 milhões de dólares que compromete significativamente a continuidade e a escala das ações de apoio à população refugiada no país.
Se representa uma empresa, município, fundação ou outra entidade privada e deseja fazer parte deste esforço global de proteção e integração de pessoas refugiadas, entre em contacto com a Portugal com ACNUR através do e-mail: aliancas@pacnur.org.
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