Os amigos e a família de Yahya Bassam Al Ghotany encheram-se de orgulho quando ele competiu em Paris, enquanto a academia do campo de Azraq, onde ele se formou, ajuda os jovens a desenvolver a resiliência e a seguir os seus sonhos.
Alguns dos atletas mais bem sucedidos do mundo começam as suas carreiras em academias desportivas com a esperança de tornar realidade o seu sonho de competir internacionalmente. Em 2016, Yahya Bassam Al Ghotany entrou no Centro Humanitário de Taekwondo (THC) no campo de refugiados de Azraq, na Jordânia, depois de ver outras crianças a praticar. Dois anos depois, tornou-se o segundo cinturão negro da academia e, este ano vai competir nos Jogos Olímpicos de Paris 2024.
Al Ghotany é um dos 37 atletas notáveis que competem em Paris sob a bandeira do COI e representam 120 milhões de pessoas que foram deslocadas à força em todo o mundo. Na cerimónia de abertura, o jovem de 21 anos foi o porta-bandeira da Equipa Olímpica de Refugiados do COI, ao lado da pugilista Cindy Ngamba, que num combate histórico no domingo garantiu a primeira medalha da equipa.
A família de Al Ghotany mudou-se para a Jordânia quando ele era um jovem adolescente e foi através do desporto que ele fez um dos seus amigos mais próximos, Ali Al Sikmany.
“Conheci o Yahya em 2015 e ele foi a primeira pessoa que conheci no campo e o meu primeiro amigo”, conta.
Chegar a um campo de refugiados é uma experiência assustadora. Adolescentes como Al Ghotany e Al Sikmany tiveram de deixar para trás as suas casas e amigos, sem saber se os voltariam a ver. O desporto pode ajudar os jovens refugiados a conhecer novos amigos e a encontrar um ambiente seguro e solidário que os ajude a ultrapassar os desafios relacionados com a deslocação.
“Eu e o Yahya praticámos vários desportos juntos, participámos na liga de futebol da escola. Uma vez, até participámos num combate de luta livre romana!” recorda Al Sikmany com carinho.
A mãe de Al Ghotany, Tirfah Ahmad Ali Alsharea, lembra-se de quando ele começou a mostrar interesse pelo desporto. “Costumava ver outros miúdos a praticar taekwondo, depois decidiu inscrever-se e quis tornar-se um atleta de taekwondo”.
O taekwondo é um desporto popular nos campos de refugiados em todo o mundo, com o ACNUR a trabalhar em parceria com a Fundação Humanitária de Taekwondo (THF) para oferecer programas desportivos sociais e competitivos.
A THF foi fundada pelo Dr. Chungwon Choue, que é também o atual Presidente do Taekwondo Mundial. Chungwon Choue apercebeu-se do potencial do taekwondo para ajudar os jovens a desenvolver a sua capacidade de resistência e a melhorar a sua saúde física e mental.
“Sempre dissemos que o Taekwondo é mais do que um desporto: é uma filosofia”, explica o Dr. Choue. “Por isso, reconhecemos que o Taekwondo tem um potencial imenso para capacitar os atletas refugiados, não só ajudando-os a manterem-se ativos, mas também incutindo-lhes competências e disciplinas que os ajudarão fora do tapete. O Taekwondo pode inspirar esperança e fornecer a estrutura que está a faltar de forma tão crucial nas vidas destes jovens refugiados”.
“Desde a sua criação, a THF já ajudou mais de 13.000 refugiados”, continua. “Vimos em primeira mão o impacto transformador que o Taekwondo pode ter na saúde física e mental das pessoas e a alegria e coesão social que traz às comunidades. Estamos orgulhosos de que jovens como Yahya estejam a inspirar milhões de pessoas em todo o mundo através do Taekwondo e a liderar a sensibilização para a crise global dos refugiados”.
A família e os amigos de Al Ghotany assistirão, a partir do campo de Azraq, à competição em Paris, com um sentimento de alegria e emoção.
“Sinto um orgulho e uma honra imensos porque ele representa-me a mim, à sua família e a todos os refugiados. Estou orgulhoso dele por ser um jovem ambicioso que alcançou os seus objectivos”, diz o seu amigo Al Sikmany.
O irmão de Al Ghotany, Zakaria, vê o seu irmão mais novo como uma inspiração para si próprio e para os outros. “Estou orgulhoso pelo facto de o meu irmão ter atingido este nível e de a sua história nos fazer pensar em como conseguiu alcançar tudo isto apesar de todos os desafios que enfrentou, o que faz dele um modelo a seguir. A lição que aprendi com ele é que nada é impossível e que quanto mais trabalharmos, mais conseguiremos.”
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