Na cidade de Kaya, um "Centro de Conetividade" significa que as comunidades de acolhimento e as pessoas deslocadas à força podem aceder a cursos online, aprender novas competências digitais...
Na cidade de Kaya, um "Centro de Conetividade" significa que as comunidades de acolhimento e as pessoas deslocadas à força podem aceder a cursos online, aprender novas competências digitais e manter-se em contacto com os seus entes queridos.
Zourata Sawagdogo, 34 anos, chegou a Kaya, uma cidade na região Centro-Norte do Burkina Faso, há quatro anos, depois de ter sido forçada a fugir de um surgimento de conflitos na cidade vizinha de Barsalogho, onde vivia com a família. A fuga da sua cidade natal significou que Zourata se juntou a 2 milhões de outras pessoas no Burkina Faso que foram deslocadas à força, cada uma delas desenraizada e forçada a reconstruir as suas vidas.
Os seus primeiros pensamentos foram de sobrevivência. Começou a arranjar empregos onde podia, ajudando uma mulher local a vender bolos ou a fazer sabão líquido. "Pouco a pouco, tornei-me resistente", conta Zourata. "Assim que comecei a ter mais trabalho, comprava dados móveis uma vez por semana, para poder ouvir as mensagens de voz que os meus pais me enviavam."
Apesar de Kaya ter oferecido a Zourata um refúgio contra a violência, as fracas infraestruturas da cidade fizeram com que o fornecimento de eletricidade continuasse a ser esporádico e a conetividade à Internet e aos telemóveis fosse limitada. Como resultado, ela e outros residentes de Kaya - tanto novos como antigos, pessoas deslocadas e comunidades de acolhimento - ficaram em grande parte isolados de um mundo cada vez mais digital, perdendo oportunidades de adquirir competências e conhecimentos que poderiam mudar as suas vidas, ou de se manterem em contacto com os seus entes queridos.
Para colmatar este fosso digital e ligar os residentes de Kaya ao mundo exterior, o ACNUR, iniciou a criação de um centro digital para promover o conhecimento e a aprendizagem online. A equipa de Tecnologias da Informação (TI) do ACNUR equipou o centro com painéis solares para fornecer energia fiável e estabeleceu uma parceria com uma empresa do setor privado para melhorar a conetividade à Internet e criar uma rede Wi-Fi local.
Experiência transformadora
O "Centro de Conetividade" abriu as suas portas pela primeira vez em 2022, permitindo às comunidades de acolhimento e às pessoas deslocadas aceder a cursos online e presenciais sobre uma variedade de temas, incluindo tecnologias da informação, literacia digital e utilização responsável das redes sociais, bem como agricultura e negócios.
Os cursos são ministrados pelo pessoal do ACNUR em conjunto com membros da WakatLab, uma organização burquinense especializada em formação digital para jovens. Para além das oportunidades educativas e de um espaço para aprender novas competências, o Centro de Conectividade também oferece acesso gratuito à Internet 24 horas por dia para todos através da sua rede Wi-Fi.
A experiência de visitar o centro foi transformadora para Zourata.
Depois de frequentar cursos de empreendedorismo, agricultura, informática e análise de dados, iniciou uma atividade de criação de coelhos e agora ganha o suficiente para pagar a educação dos seus irmãos mais novos.
O centro permitiu-me tornar-me autónoma. Graças a tudo isto, pude mandar as minhas duas irmãs de volta à escola.
Zourata está também entre as 50 pessoas locais que foram certificadas como formadores no centro, o que lhe permite ensinar outras pessoas e contribuir para a sustentabilidade do centro. Agora, para além do seu próspero negócio de criação de coelhos, Zourata é formadora voluntária em recolha e análise de dados no centro, e os seus conhecimentos levaram-na a trabalhar com organizações não governamentais em Kaya.
Independência financeira
Tal como Zourata, Julien Bamogo, de 30 anos, chegou a Kaya há quatro anos, depois de ter sido deslocado internamente na sequência de um ataque mortal à sua aldeia natal de Foubé. Com espírito empreendedor, Julien começou por vender acessórios para telemóveis de porta em porta, ganhando dinheiro para se sustentar a si próprio, à sua companheira e ao seu filho. Depois, frequentou cursos sobre redes sociais e marketing no Centro de Conectividade, aplicando os seus novos conhecimentos para fazer crescer o seu negócio e expandir-se para a instalação de painéis solares.
"Este projeto de conetividade significa uma evolução para jovens empresários como eu", afirmou Julien. "Participamos nestes cursos para aprender competências que nos ajudem a gerir melhor os nossos negócios."
Para além das competências empresariais e das oportunidades de ligação digital com o mundo, o centro também organiza aulas sobre questões sociais como a violência baseada no género, a saúde sexual e a masculinidade positiva, atraindo até agora mais de 1845 participantes.
Michel Kalemba, um especialista em TI do ACNUR que ajudou a conceber e a construir o Centro de Conetividade, afirmou que este é uma fonte de orgulho, ilustrando algumas das formas como a tecnologia e a conetividade podem capacitar as comunidades, apoiar a autossuficiência e servir de suporte para as pessoas deslocadas à força.
"Através deste projeto, posso realmente ver o impacto na vida das pessoas com e para quem o ACNUR trabalha", disse Michel, acrescentando que, com mais financiamento, espera que o projeto possa ser alargado para além de Kaya, levando os benefícios de que Zourata e Julien usufruem a outras pessoas deslocadas.
"Para mim, a conetividade é o roteiro para o empoderamento", disse Zourata, que atribui ao centro o mérito de proporcionar um caminho para a independência financeira, "enquanto para a comunidade é uma ferramenta para reduzir o desemprego juvenil e encontrar familiares perdidos".
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