Esta é uma síntese do que foi dito pela porta-voz do ACNUR, Shabia Mantoo – a quem o texto entre aspas pode ser atribuído – na conferência de imprensa de hoje no Palais des Nations, em Genebra.
Genebra – O ACNUR, a Agência das Nações Unidas para os Refugiados, estima que 2,5 milhões de refugiados em todo o mundo precisarão de ser reinstalados em 2026, segundo o relatório Projected Global Resettlement Needs publicado esta manhã.
Embora o número se mantenha elevado, as necessidades anuais de reinstalação diminuíram para o próximo ano – face aos 2,9 milhões estimados para 2025 – mesmo com o crescimento contínuo do número global de refugiados. Esta redução deve-se principalmente à mudança na situação na Síria, que tem permitido regressos voluntários. Estamos a assistir a algumas pessoas a desistirem dos processos de reinstalação para, em alternativa, regressarem ao seu país com o objetivo de reconstruir as suas vidas.
Para 2026, as maiores populações de refugiados com necessidade de reinstalação são os afegãos (573.400), sírios (442.400), sul-sudaneses (258.200), sudaneses (246.800), rohingya (233.300) e congoleses (179.500). Os principais países de acolhimento dos quais os refugiados precisarão de ser reinstalados incluem o Irão (348.900), Turquia (258.000), Paquistão (215.000), Etiópia (213.950) e Uganda (174.000).
A reinstalação oferece uma alternativa concreta a viagens perigosas, representa um verdadeiro gesto de solidariedade internacional e reforça as parcerias com os países de acolhimento. Ao proporcionar soluções para refugiados com necessidades agudas e grande dependência de assistência, a reinstalação contribui também para aliviar a pressão sobre os sistemas nacionais dos países anfitriões, apoiando assim respostas sustentáveis.
Em 2025, no entanto, prevê-se que os contingentes de reinstalação sejam os mais baixos das últimas duas décadas, ficando aquém dos níveis registados durante a pandemia de COVID-19, quando muitos países suspenderam os seus programas. Este declínio dramático nos contingentes ameaça inverter os progressos alcançados nos últimos anos, graças a esforços coletivos, e expõe os refugiados a maiores perigos.
Tendo em conta as necessidades e o número limitado de vagas para reinstalação, o ACNUR apela aos Estados com programas de reinstalação para que mantenham os seus compromissos e aumentem a capacidade de acolhimento. Apela ainda ao desenvolvimento de programas mais previsíveis e ágeis, com alocação de quotas flexível ao longo das principais rotas de refugiados.
Para 2026, a comunidade internacional definiu como objetivo reinstalar 120.000 refugiados. A experiência recente mostra que este objetivo é alcançável. Embora quotas mais elevadas sejam cruciais para atingir esta meta, quotas menores continuarão a desempenhar um papel importante, sobretudo se os casos forem rapidamente processados e avaliados remotamente.
Há mais de 70 anos que o ACNUR facilita a reinstalação como um instrumento vital de proteção para refugiados que enfrentam riscos graves como deportação, violência, emergências médicas e outras ameaças críticas – e continuará a fazê-lo.
No ano passado, apesar dos desafios, mais de 116.000 refugiados tiveram a oportunidade de encontrar segurança e reconstruir as suas vidas através da reinstalação com o apoio do ACNUR. Cada vaga é de valor incalculável para quem foge do perigo.
Para mais informações sobre este tema, por favor contacte:
Em Portugal: Joana Feliciano – press@pacnur.org
Em Genebra: Shabia Mantoo – mantoo@unhcr.org
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