Esforços de ajuda no Burundi sobrecarregados com chegada de mais congoleses no maior afluxo em décadas Esforços de ajuda no Burundi sobrecarregados com chegada de mais congoleses no maior afluxo em décadas

Esforços de ajuda no Burundi sobrecarregados com chegada de mais congoleses no maior afluxo em décadas

10 de março, 2025

Tempo de leitura: 4 minutos

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Este é um resumo do que foi dito por Faith Kasina, Porta-voz Regional para o Leste e Chifre de África e Grandes Lagos – a quem as citações podem ser atribuídas – na conferência de imprensa de hoje no Palais des Nations, em Genebra. 

BUJUMBURA, BURUNDI – Com o conflito a continuar nas regiões orientais da República Democrática do Congo (RDC), milhares de pessoas continuam a atravessar a fronteira para o Burundi, naquele que se tornou o maior afluxo de refugiados que o país registou em décadas.

Quase 63.000 pessoas chegaram em menos de um mês, incluindo mais de 1.100 no dia 5 de março. Apesar de uma ligeira diminuição nas chegadas na última semana, centenas de refugiados continuam a entrar diariamente no Burundi através de 11 passagens fronteiriças, a maioria delas não oficiais. A grande maioria são mulheres, crianças e idosos.

Alguns dos recém-chegados relatam histórias angustiantes de jornadas perigosas, incluindo mães recentes que atravessaram o rio Rusizi com os seus recém-nascidos nos braços. Outros caminharam durante horas, atravessando terrenos difíceis durante a noite sem parar para descansar, temendo serem apanhados pelos confrontos. Para alguns, esta não é a primeira vez que se deslocam. Uma mãe de 45 anos fugiu para o Burundi pela primeira vez quando era adolescente e agora regressa com os seus seis filhos. Muitas crianças estão a chegar sozinhas ou separadas das suas famílias.

Há também relatos de pessoas forçadas a pagar taxas exorbitantes pelo transporte até à fronteira, chegando a ser três vezes mais caro do que há duas semanas, tornando a viagem inacessível para muitos que procuram segurança.

As autoridades burundesas estabeleceram centros de receção e trânsito para registar, alojar e prestar assistência de emergência aos recém-chegados. O ACNUR, a Agência da ONU para Refugiados, e os seus parceiros estão a intensificar os esforços para fornecer ajuda humanitária de emergência.

Mais de 45.000 refugiados continuam abrigados num estádio local em Rugombo, a poucos quilómetros da fronteira com a RDC, aguardando realocação para locais designados para refugiados. O estádio já ultrapassou a sua capacidade de acolhimento, e muitas famílias estão agora a dormir a céu aberto na comunidade ou a ser acolhidas por pessoas solidárias.

Esta semana, o ACNUR criou um centro de proteção para fornecer apoio psicossocial essencial e ajudar a identificar as necessidades específicas dos recém-chegados, incluindo crianças não acompanhadas, sobreviventes de violência sexual, idosos e pessoas com problemas médicos graves. No entanto, os recursos disponíveis para cuidados de acompanhamento são extremamente limitados. A insuficiência de instalações sanitárias e a má gestão de resíduos estão a agravar a situação, aumentando o risco de surtos de doenças.

A realocação para um novo local de acolhimento de refugiados, identificado pelas autoridades para aliviar a pressão na fronteira, já começou. No entanto, desafios logísticos significativos, incluindo a escassez de veículos e o tempo de viagem prolongado, estão a dificultar os esforços para transferir os refugiados para locais melhor equipados.

No campo de refugiados de Musenyi, no sul do país, os recém-chegados estão a começar a instalar-se. O local, que tem capacidade para acolher 10.000 pessoas, já está 60% ocupado, com os refugiados alojados em abrigos comunitários enquanto o ACNUR e os seus parceiros constroem habitações mais adequadas. Os refugiados estão a receber alimentos e água e têm acesso a unidades de saúde locais. O Governo do Burundi está a identificar mais terrenos para criar novos campos de refugiados, à medida que mais pessoas chegam.

Serviços médicos, incluindo tratamento especializado para feridos, bem como apoio psicossocial para lidar com o trauma, são urgentemente necessários. Para garantir que as crianças refugiadas possam continuar a estudar, o ACNUR está a planear construir mais salas de aula em escolas locais e outras instalações educativas.

Num contexto de financiamento extremamente limitado, o Burundi é um dos muitos países onde é urgente um reforço do apoio. Sem este, mais vidas estarão em risco.

A 5 de março, cerca de 85.000 pessoas já tinham fugido para países vizinhos devido à recente escalada dos combates na RDC. Em comparação, menos de 7.000 pessoas tinham fugido para países vizinhos nos primeiros dois meses de 2024.

Para mais informações, contacte:

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