Número de pessoas deslocadas pela guerra atinge níveis chocantes, os mais altos da década – ACNUR Número de pessoas deslocadas pela guerra atinge níveis chocantes, os mais altos da década – ACNUR

Número de pessoas deslocadas pela guerra atinge níveis chocantes, os mais altos da década – ACNUR

12 de junho, 2025

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O número de pessoas deslocadas pela guerra, violência e perseguição em todo o mundo está insustentavelmente elevado, especialmente à medida que o financiamento humanitário desaparece.

GENEBRA – O número de pessoas deslocadas pela guerra, violência e perseguição em todo o mundo está insustentavelmente elevado, especialmente à medida que o financiamento humanitário desaparece, sendo o único sinal positivo o aumento dos regressos, nomeadamente para a Síria, anunciou hoje o ACNUR, a Agência das Nações Unidas para os Refugiados.

De acordo com o Relatório de Tendências Globais (disponível em inglês aqui) anual do ACNUR, havia 122,1 milhões de pessoas forçadamente deslocadas no final de abril de 2025, face aos 120 milhões no mesmo período do ano passado, representando cerca de uma década de aumentos consecutivos no número de refugiados e outras pessoas forçadas a abandonar os seus lares. Os principais fatores de deslocação continuam a ser grandes conflitos como os do Sudão, Myanmar e Ucrânia, bem como o fracasso continuado em pôr fim aos combates.

Filippo Grandi, Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, declarou:
«Vivemos um período de intensa volatilidade nas relações internacionais, com as guerras modernas a criarem um cenário frágil e angustiante, marcado por um sofrimento humano agudo. Precisamos redobrar os nossos esforços para procurar a paz e encontrar soluções duradouras para os refugiados e outros forçados a fugir dos seus lares.»

As pessoas forçadamente deslocadas incluem deslocados internos por conflitos dentro do próprio país, cujo número aumentou acentuadamente em 6,3 milhões, para 73,5 milhões no final de 2024, e refugiados que fugiram para outros países (42,7 milhões). O Sudão tornou-se a maior situação de deslocação forçada no mundo, com 14,3 milhões de refugiados e deslocados internos, ultrapassando a Síria (13,5 milhões), seguida do Afeganistão (10,3 milhões) e da Ucrânia (8,8 milhões).

O relatório revelou que, ao contrário da perceção generalizada nas regiões mais ricas, 67% dos refugiados permanecem em países vizinhos, sendo os países de rendimento baixo e médio os que acolhem 73% dos refugiados no mundo. Na verdade, 60% das pessoas forçadas a fugir nunca deixam o seu próprio país.

Embora o número de pessoas forçadamente deslocadas quase tenha duplicado na última década, o financiamento para o ACNUR mantém-se aproximadamente ao mesmo nível de 2015, num contexto de cortes brutais e contínuos na ajuda humanitária. Esta situação é insustentável, deixando os refugiados e outros que fogem do perigo ainda mais vulneráveis.

«Mesmo perante cortes devastadores, assistimos a alguns raios de esperança nos últimos seis meses», acrescentou Grandi. «Quase 2 milhões de sírios conseguiram regressar a casa depois de mais de uma década deslocados. O país continua frágil, e as pessoas precisam da nossa ajuda para reconstruir as suas vidas.»

No total, 9,8 milhões de pessoas forçadamente deslocadas regressaram a casa em 2024, incluindo 1,6 milhões de refugiados (o maior número em mais de duas décadas) e 8,2 milhões de deslocados internos (o segundo maior número de sempre).

Muitos destes regressos, no entanto, ocorreram em contextos políticos ou de segurança adversos. Por exemplo, um grande número de afegãos foi forçado a regressar ao Afeganistão em 2024, chegando a casa em condições desesperadas. Em países como a República Democrática do Congo, Myanmar e Sudão do Sul, verificaram-se novos deslocamentos forçados significativos ao mesmo tempo que se registavam regressos de refugiados e deslocados internos.

O relatório apela ao financiamento contínuo dos programas do ACNUR, que salvam vidas, apoiam refugiados e deslocados internos no regresso a casa e reforçam as infraestruturas básicas e os serviços sociais nas comunidades de acolhimento, como um investimento essencial na segurança regional e global.

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