51%
das crianças e jovens refugiados não têm acesso à educação.
7 milhões
de crianças e jovens refugiados em todo o mundo estão privados do direito à educação e enfrentam um maior risco de pobreza
90 mil
Apenas 90 mil jovens refugiados usufruem de formação superior.
Um direito para todos, uma esperança para os que são forçados a fugir.
O ACNUR trabalha para garantir que as crianças e os jovens refugiados possam ter acesso a uma educação de qualidade.
A educação oferece um ambiente estável e seguro para as crianças deslocadas, ajuda as pessoas a reconstruir as suas comunidades e a ter uma vida produtiva e significativa.
De acordo com os dados mais recentes do ACNUR, 65% das crianças refugiadas frequentam a escola primária, mas apenas 38% dos jovens refugiados integram o ensino secundário e só 6% têm acesso a oportunidades de ensino superior. Assim, entre os mais de 14.8 milhões de crianças e jovens refugiados em idade escolar (entre os 5 e os 17 anos) apoiados pelo ACNUR, mais de metade (51%) não frequentam qualquer estabelecimento ou programa de ensino.
Um retrato preocupante que acarreta consequências devastadoras, como o aumento do risco de recrutamento de crianças para grupos armados, do trabalho infantil, da exploração sexual e do casamento infantil. É importante não esquecer que milhões de crianças e jovens refugiados são deslocados durante todo o seu ciclo educativo, desde o ensino pré-primário até ao ensino superior.
Precisamos de um enorme esforço coletivo para garantir que as crianças e os jovens refugiados sejam educados por professores qualificados e bem formados, utilizando currículos oficiais, atualizados e acreditados, com acesso a materiais de aprendizagem relevantes e de boa qualidade.
Filippo Grandi, Alto Comissário da ONU para os Refugiados
Um dos grandes objetivos do ACNUR é garantir que, até 2030, 15% dos jovens refugiados ingressam no ensino superior, em formações técnicas e profissionais ou outros programas educativos nos países de acolhimento ou em países terceiros. Para isso, contam com o apoio crucial de vários programas de bolsas de estudo, como o DAFI (Albert Einstein German Academic Refugee Initiative), que ajudam a financiar o acesso ao ensino superior a estes jovens. Desde 1992, as bolsas DAFI já permitiram integrar no ensino superior mais de 21 mil jovens refugiados.
"Sem escola, sem professores, sem financiamento, sem bolsas de estudo, eu teria permanecido sem esperança”, declara Mary Maker, uma jovem que viveu no campo de refugiados de Kakuma, no Quénia, depois de ter fugido da sua terra natal ainda muito pequena. “Mas gosto de pensar que mostrei o que uma criança refugiada pode conseguir se lhe for dada a oportunidade - a mesma oportunidade que milhões de crianças não refugiadas têm naturalmente", conclui orgulhosa. Atualmente, Mary é co-fundadora do projeto educativo Elimisha Kakuma para estudantes refugiados neste campo apoiado pelo ACNUR no Quénia.
Mais anos de uma educação de qualidade são sinónimo de um melhor futuro. Por exemplo, cada ano adicional de escolaridade pode aumentar em 12% o futuro rendimento de uma jovem mulher, enquanto a taxa de pobreza global poderia ser reduzida em mais de metade se todos os adultos concluíssem o ensino secundário. Além disso, os adultos com níveis de escolaridade mais elevados vivem vidas mais saudáveis e mais longas, apresentam uma taxa reduzida de gravidez precoce, um menor risco de infeção por HIV e taxas de natalidade mais baixas.
Ao redor de todo o mundo o ACNUR tem conhecido crianças e jovens empenhados em trabalhar pelo seu futuro e o das suas comunidades. Juntamente com os seus parceiros, o ACNUR trabalha para garantir que todas as crianças e jovens forçadas a fugir possam prosseguir os seus estudos.
No Iémen, pelo segundo ano consecutivo, o ACNUR realizou uma distribuição de géneros para as crianças refugiadas que estão a frequentar programas escolares. Abdullah, uma dessas crianças, disse: "Adoro a minha escola, finalmente vou voltar a encontrar-me com os meus amigos. Trabalhei arduamente para ser um estudante bem sucedido e ter a oportunidade de apoiar os refugiados e as pessoas que precisam de assistência, como o pessoal do ACNUR! O meu sonho é trabalhar com o ACNUR quando for adulto".
Já na Colômbia, Francis Elena, que recebeu uma bolsa DAFI para o ensino superior, exprime-se com gratidão: "No futuro, vejo-me a tornar-me uma psicóloga de exceção, concentrando-me em ajudar a minha comunidade, especialmente as crianças, prestando-lhes assistência e orientação profissional. Terei todo o gosto em contribuir da forma que me for possível."
O ACNUR estima que, só em 2023, irá necessitar de cerca de 428 milhões de euros.
O financiamento tem como objetivo a melhoria do acesso à educação, requalificando as infra-estruturas educativas e reforçando as capacidades dos professores e dos sistemas educativos. Esta meta de angariação global garante, ao nível de ensino pré-primário, primário, secundário e terciário, o fornecimento de material escolar, transporte, construção e reabilitação de salas de aula, formação de professores, programas de ensino adaptados, apoio a pessoas com necessidades específicas, entre outras respostas de assistência e proteção.
O ACNUR alerta ainda que a incapacidade de assegurar este financiamento poderá ter consequências desastrosas para as perspetivas futuras das crianças e jovens refugiados. Com o financiamento atual e os recursos disponíveis no momento, o ACNUR apenas consegue cumprir 49% do orçamento para a educação, deixando cerca de 213 milhões de euros em necessidades não satisfeitas, com impacto nas crianças desde a primeira infância até ao ensino superior.